A empolgação na largada é um dos erros mais comuns entre corredores — e um dos mais custosos. O som da torcida, o corpo cheio de energia e o desejo de bater o recorde pessoal criam a combinação perfeita para um começo acelerado demais.
O problema é que o corpo cobra a conta: o ritmo despenca, as pernas pesam e os quilômetros finais viram uma batalha mental. Aprender a controlar essa ansiedade é o que separa uma corrida sofrida de uma chegada vitoriosa.
A largada é um teste de paciência
Os primeiros minutos de uma corrida devem ser encarados como um período de adaptação, não de disputa. O corpo precisa de tempo para ajustar o ritmo cardíaco, estabilizar a respiração e encontrar a cadência ideal. Correr no seu ritmo, sem se deixar levar pelos outros, é o primeiro sinal de maturidade esportiva.
Em vez de tentar “ganhar tempo” logo no início, o objetivo deve ser economizar energia para o momento certo — aquele em que a maioria começa a quebrar. É na metade final da prova que a paciência dá frutos.
Cabeça fria vence emoção
O nervosismo antes da largada é natural. Ele mostra que o corpo está em alerta, pronto para o desafio. O segredo está em transformar essa adrenalina em foco. Técnicas de visualização ajudam: imaginar o ritmo, os momentos de aceleração e até como enfrentar a fadiga nos quilômetros finais. Quando o corpo já “ensaiou” a corrida mentalmente, o risco de errar o ritmo diminui.
A armadilha da torcida
Nas grandes provas — São Silvestre, Maratona do Rio, Nova York — o incentivo do público cria uma atmosfera eletrizante. É fácil sentir-se mais leve, achar que está “sobrando” e, sem perceber, correr mais rápido do que deveria. Essa energia é poderosa, mas deve ser usada com inteligência. A emoção da multidão pode ser combustível, mas também distração. O relógio e o plano de ritmo são seus melhores aliados.
A importância de correr a sua corrida
Comparar-se a outros corredores é um erro que derruba muitos atletas. A corrida é, antes de tudo, uma disputa contra si mesmo. Quem está à frente pode simplesmente estar em outro ritmo — ou prestes a quebrar. Manter o foco no seu plano é o que garante consistência e confiança.
A história está cheia de exemplos de atletas que começaram atrás e venceram com regularidade. A estratégia de poupar energia no início e acelerar no final é comprovadamente mais eficiente do que tentar sustentar um ritmo suicida desde o primeiro quilômetro.
Escute os sinais do corpo
No início, o corpo parece leve e cheio de força. Essa sensação é traiçoeira: a adrenalina mascara o esforço real. Por isso, o ritmo ideal nas primeiras passadas deve parecer controlado, até um pouco contido. A dificuldade virá naturalmente conforme os quilômetros avançam — e é aí que o preparo físico e mental fazem diferença.
Se sair rápido demais, mantenha a calma
Errar o ritmo acontece até com corredores experientes. Se perceber que começou forte demais, não entre em pânico. Diminua gradualmente, estabilize a respiração e recupere o controle. Pensar em trechos curtos ajuda: “Vou até o próximo posto de hidratação”, “Aguento mais dois minutos nesse ritmo”. Dividir o percurso em partes reduz o impacto psicológico e facilita a retomada.
Correr bem é correr com inteligência
Dominar a cabeça é tão importante quanto treinar o corpo. Saber esperar, respeitar o plano e controlar o impulso são virtudes de quem entende a corrida como estratégia, não como explosão.
O final forte — aquele sprint confiante, com a sensação de ter mais para dar — é conquistado nos primeiros quilômetros, quando você decide correr com sabedoria. Porque, no fim das contas, as corridas não são ganhas na largada. São vencidas na chegada.

















