Cansaço no meio da prova? Estudo revela estratégia mental que ajuda a manter o ritmo até o fim

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Todo corredor sabe: por mais bem preparado que esteja, há um ponto da maratona — geralmente depois do quilômetro 30 — em que o corpo começa a pesar e a mente se torna o maior obstáculo. Essa fase, conhecida como “muro”, é o momento em que muitos perdem ritmo, foco e motivação. Mas, segundo um novo estudo publicado no Journal of Experimental Social Psychology, há uma técnica mental capaz de mudar completamente esse cenário.

O que a ciência descobriu sobre o foco durante a corrida

Pesquisadores ouviram cerca de mil corredores amadores e profissionais de diferentes distâncias para entender quais estratégias mentais funcionam melhor quando o cansaço aparece. O resultado foi surpreendente: métodos comuns como distração — olhar para o público, pensar em paisagens ou no motivo de estar correndo — podem, na verdade, prejudicar o desempenho.

Segundo a psicóloga Emily Balcetis, da Universidade de Nova York, a técnica mais eficaz é a chamada atenção focada, usada com frequência pelos corredores mais rápidos e experientes. Em vez de tentar “fugir” da dor ou da fadiga, esses atletas concentram o olhar e a mente em pequenas metas dentro da prova, chamadas de subgoals.

Como funciona a estratégia de atenção focada

A ideia é simples, mas poderosa: o corredor deve estreitar o campo visual e escolher um ponto específico à frente, como um poste, uma placa ou até o atleta logo adiante. O objetivo é correr até aquele marco — e, ao alcançá-lo, criar um novo. Essa sequência de pequenas metas mantém a mente engajada e evita que o cansaço psicológico tome conta.

De acordo com Balcetis, esse tipo de foco reduz a sensação de esforço e ajuda o corpo a ajustar automaticamente o ritmo e a respiração, o que prolonga a resistência.

Por que distrair-se pode ser um erro

Distrações visuais ou mentais, como observar o público, pensar na linha de chegada ou se prender a lembranças pessoais, podem aumentar o gasto mental justamente quando o corpo precisa de economia de energia. Ao contrário do que muitos acreditam, “pensar demais” na motivação ou tentar se entreter durante o sofrimento pode tornar o esforço mais perceptível, levando à perda de ritmo.

Os corredores de elite, ao contrário, mantêm o olhar fixo e o foco restrito — como se usassem “viseiras” mentais. Essa concentração direcionada ajuda a eliminar estímulos desnecessários, economizando energia cognitiva.

Quando usar essa técnica

Os especialistas alertam que essa estratégia deve ser usada nas fases mais duras da corrida, quando o desgaste físico e mental aumenta. No início da prova, ainda é vantajoso manter uma visão ampla, observar o ambiente e se conectar com o propósito da corrida — isso ajuda a dosar a ansiedade e a entrar no ritmo. Mas, à medida que os quilômetros passam e o corpo dá sinais de fadiga, o foco deve se tornar cada vez mais estreito.

Um truque mental que separa o bom do excelente

A técnica de atenção focada se soma a outras práticas mentais já usadas por atletas de ponta, como o controle respiratório e o diálogo interno positivo. No entanto, sua eficácia reside em substituir a distração pela precisão mental, mantendo o cérebro no presente e o corpo em sintonia com cada passo.

Em outras palavras, a chave para vencer o cansaço não está em ignorá-lo, mas em enfrentá-lo com método. Assim como os treinos físicos, o treino mental também pode — e deve — ser praticado. E na próxima vez que as pernas pesarem no quilômetro 35, talvez o segredo para cruzar a linha de chegada esteja em algo tão simples quanto manter os olhos fixos no próximo ponto à frente.

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