Tênis de corrida femininos ainda são feitos para homens, aponta pesquisa

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A ideia de que basta reduzir o tamanho e trocar as cores de um tênis masculino para criar uma versão “feminina” está sendo colocada em xeque. Um novo estudo publicado na revista científica BMJ Open Sport & Exercise Medicine revelou que os tênis de corrida disponíveis no mercado não são projetados levando em conta as características anatômicas e biomecânicas dos pés das mulheres.

Segundo os pesquisadores, os modelos classificados como femininos são, em geral, o mesmo calçado desenvolvido para homens, apenas adaptado em tamanho e design. O problema é que essa abordagem ignora diferenças fisiológicas importantes, como a largura da biqueira, o formato do calcanhar, a distribuição do peso corporal e o tipo de pisada.

Ajuste incorreto pode comprometer conforto e desempenho

A pesquisa foi realizada em Vancouver, no Canadá, com 21 corredoras experientes, com idade média de 43 anos e cerca de 15 anos de prática. Durante o estudo, elas participaram de discussões em grupo e relataram suas principais queixas e preferências ao escolher um tênis de corrida.

Os resultados mostraram um padrão claro: as mulheres valorizam o conforto acima de qualquer outro fator, seguido pela prevenção de lesões e pela adaptação ao estilo de corrida. Entre os principais ajustes sugeridos pelas participantes estão uma biqueira mais larga, um calcanhar mais estreito e amortecimento reforçado, especialmente para provas longas ou treinos intensos.

As corredoras também destacaram que não comprariam um modelo desconfortável, mesmo que ele prometesse melhor desempenho. O achado reforça que a sensação de estabilidade e o encaixe correto do pé são determinantes para a confiança durante o treino e a prova.

Mudanças no corpo ao longo da vida também influenciam

Outro ponto importante levantado pelo estudo é que as necessidades das mulheres mudam com o tempo. Durante a gravidez e o pós-parto, por exemplo, há alterações significativas no formato e na estrutura dos pés: o arco plantar tende a ficar mais baixo e menos rígido, e o pé pode se alongar e alargar.

Essas mudanças exigem um tipo de calçado mais estável e com amortecimento adicional — algo que os modelos atuais raramente oferecem. Para corredoras mais experientes ou acima dos 40 anos, o conforto também passa a ser prioridade, já que o inchaço e a sensibilidade aumentam com o tempo.

Hora de ir além do “encolher e pintar de rosa”

Para os autores da pesquisa, as marcas esportivas precisam abandonar a lógica simplista de “shrink it and pink it” — termo usado para descrever a prática de apenas reduzir o tamanho e mudar a cor dos modelos masculinos.

A recomendação é investir em projetos de co-design, nos quais atletas mulheres participem do desenvolvimento dos tênis, garantindo que o formato, o suporte e a distribuição de pressão atendam de fato à fisiologia feminina.

Segundo os pesquisadores, essa mudança pode não apenas aumentar o conforto e reduzir o risco de lesões, mas também melhorar o desempenho esportivo das corredoras, permitindo que cada passada seja mais eficiente e natural.

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