Uma das corridas mais inusitadas da história está marcada para 26 de outubro, na Suécia. Sessenta atletas aceitaram o desafio de participar da maratona mais profunda do mundo, realizada dentro da mina de zinco Garpenberg, a cerca de 1.300 metros abaixo da superfície. A prova, além de buscar um lugar no Guinness World Records, tem caráter beneficente: a meta é arrecadar US$ 1 milhão para apoiar projetos ligados ao bem-estar canino e à educação em comunidades carentes da África.
Escuridão total e ambiente hostil
Os participantes correrão 42,195 km em um circuito subterrâneo, iluminados apenas pelas lanternas presas aos capacetes. Para garantir segurança, todos usarão óculos de proteção, roupas refletivas e equipamentos específicos de mineração. O cenário, formado por túneis estreitos e paredes úmidas, torna a experiência tão fascinante quanto perigosa.
Apesar de oferecer temperaturas mais amenas que o calor das ruas, o interior da mina não é exatamente confortável: 24 °C a 30 °C, alta umidade, menor oxigenação e até risco de exposição ao radônio, gás presente no subsolo. Especialistas em saúde já alertam que esse ambiente pode sobrecarregar pulmões e coração, tornando a prova ainda mais exigente.
Tradição e pioneirismo
A mina Garpenberg é uma das mais antigas em operação no mundo, com registros de exploração desde 350 a.C., e hoje responde por cerca de 1% do zinco produzido globalmente. Apesar da longa história de corridas subterrâneas — como a maratona em minas de sal na Alemanha (2002–2014) e provas em bunkers no Reino Unido — nenhuma chegou a tamanha profundidade. O recorde atual de meia maratona subterrânea pertence ao equatoriano Millán Ludeña, que correu em 2017 a mais de 3.500 metros de profundidade na África do Sul.
Participação restrita
A prova sueca, organizada pela BecomingX em parceria com o Conselho Internacional de Mineração e Metais, será exclusiva para convidados. Os 60 corredores vêm de 17 países diferentes, em sua maioria ligados ao setor de mineração e sem experiência prévia em maratonas. Para quem sonha em conseguir uma vaga de última hora, há um requisito nada simples: arrecadar US$ 30 mil para as instituições apoiadas.