Aos 67 anos, a lendária Joan Benoit Samuelson — primeira campeã olímpica da maratona feminina — voltou discretamente às provas e cruzou a linha de chegada da Maratona de Chicago 2025 em 3h36min11. Quase quatro décadas depois de conquistar o ouro em Los Angeles, a norte-americana voltou a brilhar com o mesmo espírito que a consagrou como uma das maiores da história.
Sem anúncio prévio ou patrocínios, Samuelson simplesmente apareceu nos resultados oficiais entre mais de 53 mil concluintes. Representando sua cidade natal, Freeport, no Maine, ela manteve um ritmo estável, com média de 8min10 por milha (cerca de 5min04/km). A veterana terminou em quarto lugar na faixa etária de 65 a 69 anos, 3.643ª entre as mulheres e 14.353ª no geral — números impressionantes para quem já havia se aposentado das grandes provas.
Uma história que se confunde com a da maratona feminina
O nome de Joan Benoit Samuelson está eternamente ligado à história da maratona moderna. Em 1984, ela venceu a primeira maratona feminina da história dos Jogos Olímpicos, em Los Angeles, num calor escaldante, com 2h24min52 — uma das vitórias mais simbólicas do esporte feminino. O gesto de levantar os braços no Coliseu marcou gerações e virou ícone da emancipação das mulheres no atletismo.
Um ano depois, Samuelson fez história também em Chicago: venceu a prova com 2h21min21, superando as lendárias Ingrid Kristiansen (Noruega) e Rosa Mota (Portugal), em uma das disputas mais memoráveis da década de 1980. A marca foi recorde americano por mais de 20 anos, até ser batida por Deena Kastor em 2006.
Quatro décadas de constância e paixão
Mesmo após encerrar a carreira profissional, Joan jamais abandonou as corridas. Em 2019, completou a Maratona de Boston em 3h02min20, apenas 40 minutos acima de seu tempo vencedor de 1979. Em 2021, registrou 1h46 em uma meia maratona — números que comprovam sua consistência e longevidade atlética.
Em Chicago 2025, seu estilo manteve a elegância e a precisão de sempre: passada curta, economia de movimento e o mesmo semblante determinado que encantou o mundo nos anos 1980. Sua presença foi discreta, mas simbólica: um lembrete de que a corrida pode acompanhar uma vida inteira.
Mais que uma atleta, um símbolo
Hoje, Joan Benoit Samuelson é uma referência para mulheres de todas as idades e para corredores que veem no esporte uma ferramenta de permanência, não de recordes. Sua volta às ruas de Chicago não foi uma tentativa de reviver o passado, mas a celebração de um amor que o tempo não apaga.

















