Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) mostrou que pequenas doses de movimento podem ter um impacto gigantesco na saúde pública e na economia do país. De acordo com a pesquisa, apenas 10 minutos diários de atividade física moderada ou vigorosa entre adultos inativos poderiam evitar mais de 420 mil casos de demência até 2050.
Além dos benefícios à saúde, o levantamento revela que a prática regular de exercícios traria uma economia estimada em R$ 16 bilhões aos cofres públicos até a metade do século. Caso a população atingisse o nível ideal de 150 minutos semanais recomendados pela Organização Mundial da Saúde, a economia total poderia chegar a R$ 23 bilhões, o equivalente a cerca de 10% do orçamento federal de saúde previsto para 2025.
O impacto da inatividade no cérebro e no sistema de saúde
Segundo o estudo publicado no Brazilian Journal of Psychiatry, a inatividade física é responsável por cerca de 15% dos casos de demência no país. Atualmente, o número de brasileiros diagnosticados com o problema deve triplicar nos próximos 25 anos, alcançando 5,7 milhões de pessoas em 2050. Desse total, R$ 192 bilhões seriam gastos apenas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em custos diretos e indiretos.
A pesquisa reforça que o movimento do corpo atua como um protetor natural do cérebro. Exercícios regulares ajudam a preservar a memória, melhorar a cognição e reduzir o risco de doenças neurodegenerativas, como o Alzheimer.
Como o exercício protege o cérebro
De acordo com o pesquisador Natan Feter, primeiro autor do estudo, o exercício físico é um “remédio natural” de múltiplos efeitos. Ele estimula a liberação de miocinas, proteínas que fortalecem as conexões cerebrais, melhora o fluxo sanguíneo e reduz processos inflamatórios. Além disso, o treino ajuda a combater a sarcopenia (perda de massa muscular), associada ao declínio cognitivo em idosos.
Movimento acessível e política pública
Os pesquisadores destacam que não é preciso ser atleta para colher esses benefícios. Caminhar, pedalar, subir escadas ou fazer pequenas pausas ativas ao longo do dia já fazem diferença. A mensagem central é clara: mexer o corpo é investir no futuro — tanto em qualidade de vida quanto em sustentabilidade do sistema de saúde.
O estudo da UFRGS reforça uma pauta que vai além do esporte: o incentivo à atividade física como política de prevenção e economia pública, capaz de transformar o envelhecimento da população em um processo mais saudável e menos custoso.











