A ideia de que correr desgasta os joelhos e causa lesões irreversíveis ainda é comum, mas as evidências científicas mais recentes mostram o contrário. A corrida, mesmo sendo um exercício de impacto, não apenas é segura em qualquer fase da vida como também ajuda a preservar a saúde articular e óssea, desde que praticada com bom senso e progressão adequada.
O joelho é mais forte do que parece
A cada passada, o corpo absorve uma força de duas a três vezes o próprio peso. À primeira vista, isso pode parecer agressivo para as articulações, mas o organismo humano é adaptável. O joelho, em especial, é formado por um conjunto de estruturas que se fortalecem com o uso e não se desgastam simplesmente pelo movimento repetido. O impacto da corrida estimula o fluxo de nutrientes e a regeneração da cartilagem, ajudando a mantê-la saudável e espessa.
Pesquisas comparando corredores e não corredores mostram que quem corre tende a ter cartilagem mais espessa e maior densidade mineral óssea. A prática regular também reduz o risco de osteoartrite, uma das principais causas de dor e limitação de movimento na terceira idade.
Correr depois dos 60 é seguro?
Embora os estudos sobre iniciantes mais velhos sejam limitados, os resultados de pesquisas com atividades semelhantes, como o treinamento pliométrico, indicam que é seguro começar a correr mesmo após os 60 anos. Idosos que participam de programas de impacto controlado melhoram força, equilíbrio e mobilidade, sem aumento significativo no risco de lesões.
O segredo é respeitar o ritmo. Para quem está começando, alternar períodos de caminhada e trote leve é o melhor caminho. O corpo precisa de tempo para se adaptar às novas cargas. A progressão deve ser gradual — aumentando distância e intensidade apenas quando não houver dor ou desconforto.
O risco real: correr demais, muito rápido
Grande parte das lesões associadas à corrida não vem do ato de correr, mas de excesso de carga. A pressa em evoluir leva a inflamações, dores no joelho e até fraturas por estresse. O ideal é aumentar o volume semanal em até 10% por vez e manter dias de descanso ativo, permitindo que músculos e articulações se recuperem.
A alimentação também influencia. Corridas longas exigem energia suficiente para sustentar o esforço e promover a recuperação. Consumir carboidratos, proteínas e micronutrientes como cálcio e vitamina D ajuda a proteger ossos e tecidos conjuntivos.
Corrida e longevidade
Além de preservar as articulações, correr melhora a função cardiovascular, a capacidade pulmonar e o metabolismo — fatores diretamente ligados à longevidade. Estudos apontam que corredores regulares vivem, em média, de três a seis anos a mais do que pessoas sedentárias, com menor risco de doenças crônicas.
Em resumo, não existe uma idade-limite para correr. O que existe é a necessidade de adaptação, constância e bom senso. Correr pode ser um dos hábitos mais eficazes para envelhecer com saúde — desde que o corpo seja ouvido e o ritmo respeitado.











