Estudo alerta que mudanças climáticas vão afetar todas as grandes maratonas do mundo até 2045

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O clima ideal para correr está ficando mais raro — e pode se tornar exceção nas próximas décadas. Um novo estudo do grupo independente Climate Central analisou 221 maratonas em todo o planeta e chegou a um dado preocupante: 86% delas devem ter uma queda significativa nas chances de ocorrer em condições ideais até 2045, incluindo as sete provas mais importantes do circuito mundial, como Nova York, Boston, Londres, Berlim, Chicago, Tóquio e Sydney.

Calor fora de controle já afeta o desempenho

O alerta chega em um momento em que o calor excessivo já começa a mudar a dinâmica das provas. Na Maratona de Berlim de 2025, os termômetros marcaram média de 20,7 °C — quase 7 °C acima da média histórica. Já em Tóquio, em março, a temperatura média foi 15,2 °C, cerca de 8 °C mais quente que o normal. Em ambos os casos, o estudo mostrou que o calor anormal foi favorecido diretamente pelo aquecimento global provocado pela ação humana.

A pesquisa destaca que o aumento constante das temperaturas torna cada vez mais improvável que os maratonistas encontrem as faixas ideais para o rendimento. Para atletas de elite, essas condições variam conforme o sexo e o nível de performance: mulheres correm melhor em torno de 10 °C, enquanto homens amadores rendem mais em temperaturas próximas a 4 °C. Cada grau a mais representa maior risco de queda de desempenho, desidratação e até abandono.

Ajustar horários pode ajudar — mas não resolve

Uma das soluções apontadas seria antecipar o horário de largada para evitar o pico de calor, especialmente nas grandes provas urbanas. Simulações indicam que, em locais como Londres, Tóquio e Boston, uma largada mais cedo poderia aumentar em até 40% as chances de encontrar temperaturas adequadas para os homens de elite em 2045.

O mesmo, porém, não se aplica de forma uniforme. Para mulheres de elite, que costumam correr melhor em climas um pouco mais quentes, a mudança pode até reduzir as condições ideais em algumas cidades. Ainda assim, em maratonas historicamente quentes, como Berlim e Sydney, começar antes seria benéfico para todos os grupos.

Esporte sob ameaça climática

O impacto vai muito além da corrida. O relatório destaca que o aumento da temperatura média e a intensificação de eventos climáticos extremos — como ondas de calor, chuvas torrenciais e enchentes — já estão interferindo no calendário esportivo global. O Campeonato Mundial de Atletismo de Tóquio e o Masters de Xangai no tênis, por exemplo, sofreram com calor recorde em 2025, e eventos como os Jogos Olímpicos de Paris precisaram ajustar horários e rotas para evitar riscos aos atletas.

Além das provas em si, as estruturas esportivas também estão sob risco. Um estudo citado pela pesquisa aponta que 14 dos 16 estádios da Copa do Mundo já ultrapassam limites considerados seguros para o calor extremo. Se nada mudar, quase 90% dos locais de grandes competições enfrentarão condições inseguras até meados do século.

O futuro das maratonas depende do planeta

Antecipar largadas e adaptar percursos pode amenizar os impactos, mas não resolve o problema. A verdadeira solução, conclui o estudo, depende de ações concretas para reduzir as emissões de combustíveis fósseis. Caso contrário, o cenário é claro: o aquecimento global tornará cada vez mais difícil correr — e competir — com segurança.

Se o clima ideal para maratonas está desaparecendo, proteger o planeta é, agora, a corrida mais importante de todas.

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