A Maratona de Nova York deste ano acaba de ganhar um enredo histórico. A organização confirmou a presença do etíope Kenenisa Bekele, que substituirá o queniano Evans Chebet no pelotão de elite, e com isso está armado um reencontro épico com Eliud Kipchoge — dois dos maiores nomes da história das corridas de longa distância. A prova acontece no domingo, 2 de novembro de 2025.
O duelo reacende uma das rivalidades mais marcantes do atletismo moderno. Kipchoge e Bekele, donos de cinco ouros olímpicos, seis títulos mundiais e três dos cinco tempos mais rápidos da história, se enfrentaram diversas vezes nas pistas e nas ruas, construindo uma narrativa que atravessa duas décadas.
Rivalidade lendária
O primeiro embate entre eles aconteceu ainda em 2003, em Oslo, quando Bekele, então com 21 anos, superou um jovem Kipchoge nos 5.000 m. Poucos meses depois, no Mundial de Paris, o queniano deu o troco e conquistou o ouro na mesma prova. No total, Bekele dominou os confrontos na pista (11 vitórias em 13 duelos), mas nas maratonas o jogo virou — Kipchoge se consolidou como o maior maratonista da história, com dois recordes mundiais e 11 vitórias em Majors.
Agora, em Nova York, os dois voltam a dividir a linha de largada em momentos distintos da carreira. Kipchoge, 40, fará sua estreia na Maratona de Nova York, última das sete Abbott World Marathon Majors que ainda faltava em sua coleção. Já Bekele, 43, retorna ao evento após quatro anos, tendo terminado em sexto lugar em 2021 (2h06min47s).
Reencontro com peso simbólico
Desde a conquista do ouro olímpico em 2024, quando Kipchoge abandonou a prova por lesão, Bekele voltou a mostrar competitividade. No mesmo ano, correu a Maratona de Londres em 2h04min15s, quebrando o recorde mundial da categoria master (40+). O etíope chega a Nova York motivado a encerrar a carreira em grande estilo — e possivelmente a escrever o último capítulo de sua rivalidade com Kipchoge.
Kipchoge, por sua vez, vem de uma temporada irregular, mas mantém viva sua busca por novos desafios e pela simbólica “coroa das Majors”. Nova York é o último degrau de uma jornada que já passou por Berlim, Londres, Tóquio, Chicago, Boston e, mais recentemente, Sydney.
Um duelo que define uma era
Com quase 20 anos de história, Bekele e Kipchoge representam duas eras do atletismo fundidas numa só narrativa: o domínio das pistas do primeiro e a soberania nas maratonas do segundo. A disputa nas ruas de Nova York promete mais do que medalhas — será um encontro de legado, resistência e respeito mútuo entre dois gigantes que moldaram o esporte moderno.
Independentemente do resultado, o dia 2 de novembro entrará para o calendário como um marco simbólico. Nova York poderá ser o palco de uma despedida — ou de uma nova reviravolta — na rivalidade que começou em 2003 e definiu duas décadas de corridas de longa distância.
